quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Sinais de Alerta em Desenvolvimento




Desenvolvimento é um complexo processo neuromaturacional que compreende o período embrionário até a fase adulta e tem como finalidade a aquisição de autonomia. Diferentes fatores de risco biológico e ambientais podem interferir negativamente no desenvolvimento infantil. O diagnóstico precoce e a intervenção atempada são fundamentais para maximizar o potencial desenvolvimental da criança com problemas.
Classifica-se três tipos de alterações de desenvolvimento: o atraso, o desvio e a dissociação. Igualmente preocupantes são também a paragem e a regressão do desenvolvimento.
As aquisições na área do desenvolvimento seguem geralmente um encadeamento lógico, por exemplo, antes de sentar, a acriança vai ter que controlar a cabeça, e frequentemente são os cuidadores quem primeiro percebem alguma alteração nesse quadro evolutivo. A vigilância do desenvolvimento psicomotor não deve ser separada das demais vertentes do crescimento e são avaliadas corretamente no conjunto.
atraso no desenvolvimento consiste em uma defasagem entre a idade cronológica e a idade correspondente às aquisições demonstradas, quanto mais grave o atraso, mais provável de se se ter origem orgânica, ou seja, ser causado por lesão ao Sistema Nervoso Central.
dissociação refere-se a uma diferença significativa entre várias áreas do desenvolvimento com uma área mais gravemente afetada. Exemplo disso são as crianças com paralisia cerebral que podem apresentar atraso significativo nas áreas motoras e desempenho adequado nas restantes.
desvio diz respeito a aquisição não sequencial de competências em uma ou mais áreas do desenvolvimento, por exemplo, uma criança apresentar uma linguagem expressiva muito superior à compreensão pode refletir em uma utilização não comunicativa da linguagem, característica das perturbações do espectro autista.
paragem e a regressão são respectivamente a ausência da evolução normal das aquisições e a perda das aquisições já verificadas. São sinais preocupantes e frequentemente se associam às doenças neurodegenerativas.
Os fatores de risco são situações adversas em que a criança pode estar sujeita a desenvolver problemas correlacionados posteriormente com défices em uma ou mais áreas do desenvolvimento. Podem ser fatores de risco ambientais ou biológicos. Nos fatores ambientais, a criança é genética e biologicamente normal, mas está inserida em um contexto de privação e no risco biológico, essa criança passou por situações com forte potencial para lesar o SNC. Em todos os casos a intervenção precoce pode minimizar o impacto dos diferentes fatores de risco.  
São fatores de risco biológico:
Peso de nascimento inferior a 1500g ou idade gestacional menor que 34 semanas, recém nascido leve para a idade gestacional, asfixia perianatal, índice de Apgar inferior a 3 aos 5 minutos e evidência de disfunção neurológica, necessidade de ventilação mecânica, evidência clínica de anomalias do SNC, Hiperbilirrubinémia em recém nascidos de termo, infecção congênita, meningite/ sépsis e TCE grave. 
São fatores de risco ambiental:
Família em situação de pobreza, pais adolescentes, pais com patologia psiquiátrica importante, pais toxicodependentes, pais com déficit cógnito, pais com déficit sensorial significativo, pais com perturbação antissocial, falta de estrutura e apoio familiar e social, maus tratos e negligência, crianças institucionalizadas, separação prolongada da criança.


Mês
Idade
Postura e Motricidade
Visuomotricidade
Audição e Linguagem
Comportamento e adaptação social
Ausência de tentativa de controle da cabeça na posição sentada.
Hipertonia ou Hipotonia em pé.
Nunca segue a face humana
Não vira a cabeça e olhos para o som (voz humama)
Não se mantém em situação de alerta por breves períodos
Não controla a cabeça
Mãos persistentemente fechadas
Membros rígidos em repouso
Pobreza de movimentos
Não faz contato ocular
Não fixa nem segue objetos
Sobressalto ao menor ruído
Não sorri
Chora e grita quando tocado
Ausência do controle da cabeça
Não se senta sem apoio
Membros inferiores rígidos e passagem direta à posição de pé quando se tenta sentar
Não apoia os pés no chão
Mantém reflexo de extrusão
Postura muito rígida ou muito mole
Assimetrias
Não segue objetos
Não agarra objetos com as duas mãos
Estrabismo manifesto e constante
Não responde à voz
Não responde ao seu nome
Não vocaliza
Não gosta de estar no colo de ninguém
Irritabilidade, inconsolável
Não sorri, dá gargalhadas ou tenta chamar a atenção do adulto
Desinteresse pelo ambiente
Não se senta sem apoio
Não estende os braços
Não levanta a cabeça
Sentado não usa as mãos para brincar
Não rola de decúbito ventral
Permanece sentado e imóvel sem procurar
mudar de posição
Assimetrias
Não transfere objetos de uma mão para a outra
Sem preensão palmar, não leva objetos à boca
Engasga-se com facilidade
Estrabismo
Não reage aos sons
Vocaliza monotonamente ou
perde a vocalização
Apático
Não distingue familiares
12º
Não se consegue levantar sozinho
Não gatinha (ou forma equivalente)
Não aguenta o peso nas pernas
Permanece imóvel, não procura mudar de posição
Assimetrias
Não usa gestos simples: apontar, abanar a cabeça…
Não bate dois objetos um no outro
Não tem permanência do objeto
Não aponta para objetos
Não pega nos brinquedos ou fá-lo com uma só mão
Não mastiga
Sobressalto ao
menor ruído. Não diz nenhuma palavra
Não responde à voz
Não faz gestos simples como
dizer adeus ou abanar a cabeça















Inspiração: Sinais de Alerta em Desenvolvimento (Developmental red flags)
 Teresa Mota Castelo, Boavida Fernandes
SAÚDE INFANTIL 2009 // 31 (1): 12-17 ABRIL


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