Há muitas classificações para memória: de acordo com a
função, de acordo com o tempo que duram ou de acordo com o conteúdo.
De acordo com a função existe uma memória breve e fugaz que
serve para gerenciar a realidade e determinar se vale a pena ou não fazer uma
nova memória do fato em questão e se essa informação já consta nos arquivos,
essa é a memória de trabalho. Serve
para manter por alguns segundos, no máximo minutos, a informação que está sendo
processada no momento. Essa memória não produz arquivos e é processada fundamentalmente
pelo córtex pré-frontal. As possibilidades de que diante de uma situação nova
ocorra ou não um aprendizado, estão determinadas pela memória de trabalho e
suas conexões com outros sistemas mnemônicos.
De acordo com o conteúdo temos memórias declarativas ou procedurais. Memória declarativa é aquela que
registra fatos, eventos, conhecimentos que podemos declarar e relatar como as
adquirimos. Aquelas que dizem respeito a fatos que presenciamos ou eventos que
assistimos denominam-se episódicas ou
autobiográficas. As de conhecimentos gerais são chamadas semânticas. Memórias episódicas são
todas autobiográficas, existem a medida que sabermos sua origem. Já nossos
conhecimentos sobre Português, Psicologia, ou o perfume das flores, as ondas do
mar, são memórias semânticas ou de índole geral.
Denominam-se memórias
procedurais ou memórias de procedimentos aquelas memórias de habilidades ou
capacidades motoras ou sensoriais que comumente chamamos de hábitos. Exemplos
típicos são andar de bicicleta, nadar, soletrar, dirigir, etc. É difícil declarar
tais memórias, para demonstrar que a temos devemos efetivamente andar de
bicicleta, nadar, soletrar ou dirigir.
Podemos ainda dividir esses dois tipos de memória em implícitas e explícitas. Memórias de
procedimentos e semânticas geralmente são adquiridas de maneira implícita, sem
que o indivíduo perceba que efetivamente está aprendendo. As memórias
adquiridas sem interferência do processo consciente, ou seja, automaticamente
(como a língua materna, ou dirigir) são chamadas implícitas. As memórias
adquiridas com plena intervenção da consciência são chamadas explícitas.
De acordo com o tempo que duram, as memórias explícitas podem
durar segundos, meses, anos, dias ou décadas. Memórias implícitas geralmente
duram a vida toda. Memórias declarativas de longa duração, ou memorias remotas,
levam tempo para serem consolidadas, nas primeiras horas após a aquisição são lábeis
e susceptíveis a interferências (como estressores, traumas, hormônios e drogas,
ou até outras memórias) e isso pode afetar o grau de consolidação.
As memórias de curta duração, aquela que dura de uma a seis
horas, justamente o tempo para que as memórias remotas se consolidem, são
bastante resistentes a muitos dos agentes que afetam os mecanismos de
consolidação. Este tipo de memória requer as mesmas estruturas nervosas que a
de longa duração, mas envolve mecanismos próprios e distintos.
Nas amnésias ou perdas de memória costumam falhar
primordialmente as memórias declarativas, episódicas e explícitas. Na maioria
das síndromes amnésicas encontram-se preservadas a maioria das memórias
precedurais e semânticas, com exceção das doenças de Alzheimer em fase terminal
e Parkinson em estágios avançados.
Memória (Izquierdo,
2011)