As dificuldades intelectuais
leves são de difícil diagnóstico visto que a criança apresenta um
desenvolvimento evolutivo frequentemente normal nos anos iniciais, ou apenas
leves atrasos no desenvolvimento psicomotor, linguagem ou inserção social. Os
sintomas sutis podem passar despercebidos durante os primeiros anos e só se
evidenciarem em idade escolar avançada, ou seja, entre a faixa etária dos 10 a
14 anos.
Funcionamento Intelectual
Limítrofe ou Borderline também são nomenclaturas utilizadas para definir as
dificuldades intelectuais leves. São características desse quadro o atraso no
desempenho cognitivo e neuropsicomotor que pode estar ligado ao comprometimento
do sistema nervoso central (SNC), o que acarreta um atraso do desenvolvimento
na motricidade, na linguagem e na cognição.
A etiologia pode ser decorrente
de alterações anatômicas do SNC, déficits funcionais do SNC, provocados por
alterações metabólicas, infecção, desnutrição, alterações hipóxico-isquêmicas
ou trauma. As razões para esses comprometimentos podem ter ocorrido no período
pré, peri e pós- natais.
Para que seja feito um diagnóstico
correto é necessário que se tenha certeza que os déficits tenham ocorrido ao
longo do desenvolvimento e não foram adquiridos posteriormente. No âmbito da
intelectualidade os prejuízos podem ocorrer na capacidade de raciocínio,
planejamento, solução de problemas, abstração, juízo crítico, e é possível verificá-los
pela aprendizagem acadêmica ou pela experiência.
Há tempos atrás se utilizava
apenas o sistema de Quociente Intelectual (QI) para especificar os níveis
inferiores nas avaliações. Contudo, atualmente faz-se uso também de
especificadores descritivos que avaliam a adaptação do indivíduo em campos ou
domínios múltiplos.
O primeiro domínio é o conceitual
onde se verificam dificuldades para aprender as habilidades acadêmicas, sendo
necessário apoio e grande esforço para se atingir o mínimo esperado no ano
escolar que frequentam.
O campo do domínio social é
referendado por imaturidade das relações sociais, dificuldade de interpretar
pistas sociais, linguagem mais concreta, inabilidade de subjetivação, limitada
capacidade de percepção de riscos e propensão a serem enganados e manipulados
pelos demais.
No domínio prático se elevam a
necessidade de apoio nas tarefas complexas da vida diária e, mesmo na vida
adulta, a indispensabilidade de ajuda para tomar decisões nos âmbitos legais, cuidados
com a saúde, bem como para aprender uma profissão de forma competente.
O funcionamento intelectual
limítrofe corresponde a um QI entre 70 e 84, sendo que, embora esse nível
intelectual faça parte de uma variação normal, esses aspectos, relacionados a
dificuldades funcionais, não podem ser desconsiderados.
Com apoio apropriado, indivíduos
com dificuldades intelectuais leves habitualmente podem viver sem problemas na
comunidade, de modo independente ou em contextos supervisionados. Para isso, é
necessário que o diagnóstico preciso seja feito o quanto antes, assim o máximo
do potencial do sujeito poderá ser aproveitado.
Fonte Inspiradora:
Dificuldades Intelectuais Leves no Desempenho Escolar e Social: Funcionamento Intelectual Borderline.
Neurologia e Aprendizagem; Rotta, Bridi Filho e Bridi, 2016.